quarta-feira, 18 de agosto de 2010

metade.

Por mais que eu tente, viver um amor igual ao que eu vivi com você, eu não consigo. Eu só consigo ser completamente eu mesma, do seu lado. E para todos os outros que se aproximam, eu sou apenas uma metade.
Caçando palavras que nem faço ideia de onde buscar. Escondendo verdades que não sou capaz de enfrentar. Onde estão meus dias de colheita? Aqueles em que plantei sorrisos e colhi mãos que me acolhiam nos dias de frio? Reviro as folhas espalhadas pelo chão da minha mente e meus olhos cansados, já vermelhos e sem brilho, se enchem de dores que só deveriam aparecer amanhã: dores das buscas infinitas por respostas perdidas nos mares do tempo sem fim.
Palavras perdidas são como segredos sussurrados ao vento. Você acha que estarão seguros para sempre, mas esta não é a verdade. O vento carrega palavras, como carrega as folhas que caem das árvores amareladas pelo outono. Esse é seu trabalho: carregar. Sopra e move tudo, e algumas palavras são assim, como folhas jogadas no vento. Sem destino, só voando: deixadas na beira de uma estrada; levadas por um riacho; pisoteadas no meio de uma praça. Mas também são mais que isso: palavras são sementes e precisam cair em boa terra ou os corvos as comem. Palavras germinam e crescem. Palavras dão frutos. Alguns frutos são vida, outros, veneno. Palavras também morrem. Palavras também matam.


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