quarta-feira, 12 de setembro de 2018

Peso.

Eu juro que no decorrer da minha vida tentei de todas as formas não me afetar com todas as expectativas que você tinha sobre mim. Até eu chegar em um determinado ponto em que tive que descobrir que existiam marcas em quem sou muito mais profundas do que eu gostaria. O processo de me auto aceitar não acabou, porque foi necessário um tempo muito grande para eu me reencontrar. Se desconectar disso parecia mais fácil do que enfrentar. Hoje eu tenho que compreender o fato de que eu nunca vou ser quem você gostaria e isso não é algo, necessariamente, ruim. E nem bom... É só eu, sendo eu.. E tudo bem, sabe? Você costuma dizer que eu sou teimosa demais, e isso é uma das coisas que você não percebeu que veio da minha criação. Mas mais do que isso, veio de todo o processo de me impor enquanto uma pessoa que andava contra a maré no meio a tantos valores que pra mim não fazia sentido, desde cedo. Esses dias você me falou algumas palavras que não era nenhuma novidade pra mim, mas doeu um pouco mais do que o esperado ouvi-las em voz alta "eu gostaria que você fosse mais parecida comigo". Eu. Gostaria. Que. Você. Fosse. Mais. Parecida. Comigo. Eu não sei ao certo o quanto isso pode te doer, mas em mim também é um constante de alegria por ser quem sou e uma dor chata de não ter sido aquilo que fosse o melhor pra você. E isso é tudo muito louco, porque parece um amontoado na cabeça que nem mesmo faz sentido assim, escrevendo, correndo. Com o coração doendo. Não faz sentido eu querer ser outra coisa. O que faria sentido mesmo era que todo esse peso não tivesse existido em cima do meu ser dessa forma, pra que eu não carregasse essas marcas que até hoje me impedem e amedrontam de muitas maneiras.

terça-feira, 31 de julho de 2018

Coragem pra nós.

Que doa. Que rasgue cada véu de ilusão que foi criada. Que as lágrimas escorram gordas pela face impassível, que se derramem as retinas se o pranto de água e sal não for suficiente. Que entorpeça, que leve à beira da loucura essa sutura mal feita. Ferida que não cicatrizou, eu estava certa. Havia uma infecção emocional que apenas um bisturi poderia extirpar. Que seja. Não faço mais curativos e nem lanço mão de placebos. Que seja insônia, agonia, desespero se for este o caso. Não conheço vida sem quaisquer umas destas emoções. Mas que venha tudo: o cru, o imundo, o insuportável. Que eu possa sentir até o fundo dos poros, que todo o veneno amoleça minhas veias, que a dor, antes obsoleta, pois a vida exigia uma sucessão de alegrias, me corroa com inteireza. Mas que eu renasça... E cresça. E que possa receber, após esta limpeza, a paz. Desejo coragem para quem nasceu pra sentir demais." Marla de Queiroz

quarta-feira, 27 de junho de 2018

Desconectada

Durante o decorrer da minha vida, por ser uma pessoa intensa demais, preferi não criar vínculos pra que eles não acabassem, porque dói. Hoje, especificamente, doeu de uma maneira diferente da comum. Eu - quase - sempre era a pessoa deixada pra trás, hoje eu sou a que deixou e o que me dói é não entender o que um dia nos conectou, o que sinto hoje não faz absolutamente nenhum sentido com o antes. E me pergunto: Como é possível as pessoas se encontrarem e se perderem assim? O que fez com que as coisas não fizessem sentido dessa forma? Olhando hoje me parece tão claro, tão óbvio, mas não me era antes. Você faz parte do que eu sou, mas o problema é que não entende o que eu sou. Aceitar não é entender, a gente demora a aprender, mas é isso.

quarta-feira, 4 de abril de 2018

Amar é bom.

Eu olho pra você e penso e repenso mais um milhão de vezes como um sentimento pode ser fácil como respirar, porque no decorrer da minha vida amar doía. Muito. E eu realmente não sou daquelas pessoas que acreditam que amar é só coisas boas, é árduo sim, mas te amar é infinitamente mais coisas boas do que ruins e isso é definitivamente a coisa mais louca que já me aconteceu. É louco também alguém me amar inteira, sem ressalvas ou sem querer que eu mude algo, uma pessoa que tem paciência pros meus medos e anseios. Eu tô hoje aqui pra agradecer todo noite que eu acordo assustada e olho pro seu rosto indiscutivelmente simétrico e perfeito e sinto que quase tudo tá em seu lugar e também quando eu observo seu cabelo grande bagunçado e cheio de cachos que as pessoas vivem criticando e penso como eu amo a forma como é, e por fim, mas não a última coisa, porque existem tantas que nem da pra ser numeradas, quando olho pro seus olhos que uns dizem ser azuis e outros verdes que em suma é o meu infinilto particular e percebo o quanto amar pode ser fácil e bom.

sábado, 10 de março de 2018

Nada fora do lugar.

Às vezes a gente olha pra um passado nem tão distante e percebe que mudou tanto de ideia que parece nem fazer sentido ficar gritando pro mundo todo que a gente é aquilo ou isso, ou que acreditamos em tal e tal coisa. Esse é um ponto. Eu simplesmente não quero mais brigar ou dizer quem eu sou, eu quero é como bem dizia Cazuza: pagar a conta pra nunca mais saber. Eu só quero saber que o mundo é imensamente grande, quero entender que gritar ou tentar ser dono de alguma razão é muito distante daquilo que nos aproxima da realidade. Já observou o Universo hoje? Aqui do Morro da Baleia da pra ver direitinho como a Ilhazinha é grande, nem da pra ver como o mundo todo é, não. Porque o mundo é muitíssimo maior que nós. Pensamos ser especiais demais, mas somos isso: Quase nada. Não vou dizer nada pra não parecer desanimador, não tem nada a ver com isso. É sobre entender que somos grandes, mas o mundo é ainda maior. É sobre entender que somos um constante imensamente contraditório, se observar e não ignorar as coisas que estão sendo manifestadas, isso é ato de coragem absurda. Sabe uma das coisas que mais me dói na humanidade? A covardia. Me deixa tão mal observar pessoas que simplesmente foram levadas pela cotidianidade e não conseguem observar ou tentar fazer diferente. Não que isso seja necessariamente culpa delas, é culpa também de uma rotina massante e degradante que não possibilita observar as imensas potencialidades e possibilidades.
Isso é isso. Aquilo é aquilo. Nada fora do lugar. NADA FORA DO LUGAR. Nada. Fora. Do. Lugar. P o r f a v o r . Se perca, e se ache, quantas vezes for necessário. Sem ressalvas, a vida é só uma. De verdade. Não temos tempo a perder.

quarta-feira, 28 de fevereiro de 2018

Perdida.

Quando eu era criança eu tinha plena certeza de que minha vida era um filme, onde existia milhares de pessoas me assistindo. Às vezes eu sinto que posso viver o que for, eu nunca vou crescer o suficiente pra parar de desejar que minha vida fosse realmente isso. Compreendi milhares de lições sobre como lidar com dores e tirar o melhor que podemos dela, mas quando eu acreditava que tudo isso era um filme nunca deixou de ser o melhor remédio pra esse tipo de dor de se sentir sem rumo. A única coisa que me conforta é entender que ninguém sabe, de fato, o que está fazendo tanto quanto pensamos, no entanto, eu queria ao menos saber fingir como eles.

segunda-feira, 22 de janeiro de 2018

É muito bom conhecer todo tipo de gente, e até mesmo ter uma grande proximidade de pessoas que são diferentes da gente porque assim crescemos e conseguimos adquirir outro tipo de visão sobre diversas coisas. Mas no final do dia, o que a gente quer mesmo, é alguém que minimamente sinta como a gente e que em alguma medida entenda aquilo que queremos dizer e como nos expressamos de verdade, não como uma maneira de aceitação capciosa ou até mesmo falha, mas que expresse de dentro pra fora aquilo que somos. Eu não sei se isso é um tipo de retrocesso ou um cansaço mental, mas eu voltei a não ser capaz de adquirir relações extremamente próximas de pessoas muito diferentes de mim, não é questão de intolerância mas nossa realidade que se inviabiliza dentro de realidades extremamente distantes. Você não conseguir se enxergar no outro cedo ou tarde te afeta de uma maneira que te sufoca.