terça-feira, 31 de maio de 2016

Caminho.

No decorrer da viagem, Alice encontra muitos caminhos que seguíam em várias direções. Em dado momento, ela perguntou a um gato sentado numa árvore:
- Podes dizer-me, por favor, que caminho devo seguir para sair daqui?
- Isso depende muito de para onde queres ir - respondeu o gato.
- Eu não sei.
O gato, então, respondeu sabiamente: - Sendo assim, qualquer caminho serve.

sexta-feira, 20 de maio de 2016

Dia de chuva.

Hoje eu acordei, mais uma vez, ignorando minha intuição que sempre fala muito bem quando tudo estará prestes a desmoronar novamente. A gente não entende que nada vai mudar, nem tão pouco passar. A gente não entende que é necessário arder bem fundo, na carne vive, pra que a cura venha. Nunca acreditei em pedidos as estrelas, nunca acreditei em felicidade, mas às vezes em meio ao êxtase até chego a pensar que ela veio pra ficar, e em meio ao desespero (como desse fim de tarde chuvoso) eu até mesmo acredito no poder dos pedidos ao céu preto com todos aqueles brilhos. Grande ilusão, afinal. Hoje nem ao menos isso tenho pra me agarrar. Saiba que nenhuma promessa é real, nem aquelas que nunca foram proferidas. Nem mesmo a previsibilidade me conforta, eu só queria que essas tempestades passassem.

segunda-feira, 9 de maio de 2016

Campainha.

Ontem era cinco da manhã quando tocaram a campainha, levei um susto tão grande e logo me veio você em mente. "Quem é?" "O amor da sua vida". Abri a porta e lá estava você, bêbada, molhada pela chuva, me deu um abraço apertado e gelado em meio as desculpas. Sempre me vejo se infiltrando no seu eu que você sempre se esforça muito pra esconder. Me sinto insuficiente demais por nada poder mudar, por você cotidianamente esse fardo do seu ser carregar. Vejo você gritar, lamentar, sonhar, suspirar e respirar (mais uma vez) puramente paz. E logo mais voltando pra tristeza de tudo ver e nada dizer, de tudo fazer e nada conseguir pedir. Queria ser teu grito, mesmo que nem por mim mesma saiba isso fazer. Queria ser teu guia, mesmo que nem consiga me conduzir. E ao meio de tudo isso me sinto protegida como nunca antes. Às vezes parece leve como neblina "Você não pode me tirar da sua vida, ninguém te faz rir assim". Voltou pra casa e, mais uma vez, me sinto saturada de suplicar pra tudo isso mudar, mas nada vai.

Crescer.

Sempre me pergunto se um dia vou deixar muita coisa pra trás quando crescer, sem querer. A gente tem tantos sonhos e vontades e quando nos tornamos adultos a cotidianiedade engole tudo isso. Não sou fã de gente normal. Lembro de me apaixonar pela minha professora de política social desde a primeira aula, mesmo com todo mundo fazendo cara feia por ela dizer uns absurdos aos olhos de muitos. Os meus sempre brilham quando conheço adultos que continuam tendo força e fazendo da vida uma aventura que deve ser saboreada e não um roteiro de meras obrigações e normas a se cumprir.

terça-feira, 3 de maio de 2016

eu não sei lidar.

Dias atrás estava entrando dentro do shopping quando um hippie que vendia colares começou a gritar bem alto para que eu parasse, toda sorridente prontamente fiz até que ele começou a contar histórias sobre a sua vida. Senti um abismo tão grande entre a realidade que ele viveu e na qual vivo e não pude deixar de pensar (de uma maneira bem egoísta assim mesmo), entre todas as coisas que ele me disse o porque de algumas pessoas serem tão fortes diante de situações infinitamente maiores, enquanto algumas desabam com tão pouco, o porque alguém ainda consegue ver lado bom em algo que o outro provavelmente nunca veria. A forma como as pessoas enxergam e lidam com as coisas são extremamente diferentes, e a forma como nos construímos a partir disso também, mas é exaustivo. Tem horas que me pergunto porque dói tanto não conseguir lidar com os poucos obstáculos que tenho, por não conseguir me recompor facilmente por dentro e tudo que gostaria era de ser um pouco menos bagunçada.