domingo, 25 de setembro de 2016

sobre mágoa.

Quando era bem novinha descobri a razão dos meus pais terem se separado. Foi uma das verdades que mais me atingiu na pré e adolescência, não conseguia aceitar (não a separação, já superada, mas o MOTIVO principal). Pensei, pensei, pensei... Guardei no fundo do meu ser mágoa de coisas que até tentei não guardar. A vida é uma peça de comédia muitas vezes, mesmo que na verdade, no fundo, no fundo, a gente queira mesmo é chorar. Não queria amar meu pai, não queria gostar da mulher dele, ao mesmo tempo em que queria superar tudo. Daí o mundo vai girando, girando, até que a vida te coloca à frente de uma pessoa que tem a personalidade muito parecida com a do seu pai, e você se apaixona por ela. Você amplia universos, entende pessoas depois de anos, começa a mexer em sentimentos nos quais você nem mesmo gostava. Ás vezes algumas coisas acontecem pra te dar milhões de lições que você precisava aprender, não estou jogando a culpa no destino, não acredito mais nisso, mas que toda essa situação se encaixou como um imerso quebra cabeça não há como negar. Só que mesmo com todas essas lições, percebi que ainda não perdoei de fato. É que, sabe... Não entendo o que as pessoas entendem por ter filhos, parece mais uma coisa mecânica: casar, ter filhos, ser bem sucedido, coisa e tal... Ninguém para pra pensar "eu realmente sirvo pra ser pai/mãe?" "eu vou estar aqui quando essa pessoa precisar?" "eu vou amá-la como ela merece?", sei que esses pensamentos parecem egoístas, só que tenho pra mim que nada é mais egoísta do que colocar um ser humano ao mundo apenas porque é essa a escala da vida. Não, não tem que ser. É extremamente injusto que você condene alguém a sentimentos que nunca poderá superar mesmo que, em avanço, consiga entender.

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