quinta-feira, 24 de dezembro de 2015

falando por mim.

"Sempre está nessa busca inquieta do que nem ela mesma sabe se existe. Acha que pode mudar tudo com uma conversa. E tenta, pede, insiste. Tenta te convencer de que deve tomar mais um gole, tenta te convencer de que está bem. Fica inquieta, busca companhia pra não se deixar perceber o que se passa dentro. Afoga os gritos do coração e vive no exterior. Pulando de galho em galho, jura ser passarinho livre no céu, mas tá sempre procurando um ninho. Faz dengo sem ver, não percebe que a vida é o momento que se vive agora, não a busca insaciável pelo cansaço da tentativa frustrada de acalmar o peito. Se gaba do que tem, sem perceber que está falando do que te falta. O peito tá cheio de segredos, sobre todas as coisas que prefere esconder e não mostrar seu lado frágil. Ela luta pelo o que ama, se dedica, respeita, e dá a sua alma, mas tem medo de tudo acabar de uma hora pra outra. Por isso foge. Foge dos amores, foge do sono, foge de casa, foge de você, foge de mim, foge de si. Anseia pela perfeição das coisas, e se perde ao perceber que não existe perfeição ao tentar encaixar ideia da mesma no mosaico da vida. É que a vida não tem manual, ela acontece, e tudo pode acontecer. Isso a assusta. No fundo seu desejo pela perfeição é sua vontade de ter tudo o que ama perto, seu desejo é que não haja mais tanta coisa pra se fazer fugir. “Por que você não pode ficar mais um pouco? Eu gosto da sua companhia, gosto mais de mim quando você me faz sorrir.”, ela sabe que sente, mas prefere dizer mais tarde, mantem a primeira frase e depois seu calor guardado pra quando tiver certeza que você vai ficar, descarta o mimimi enquanto inventa motivos bobos e barganhas pra te fazer ficar. Se tá bom, é que tá na hora de ir, é melhor manter a lembrança de que foi perfeito. Ela não é fria, apenas sente frio. Quer uma alma quentinha pra se deitar e dizer que tá tudo bem, amanhã vai ter café quentinho na mesa, enquanto a gente ri do passado."

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