sábado, 27 de agosto de 2016

sobre cicatriz.

Às vezes eu queria ser como eles, todos tão iguais, outras observar além do que se vê, como eu vejo. Além do óbvio. Desde criança presenciei cada um te descrevendo de uma maneira, jeitos infinitamente diferentes. Nenhum deles condizem com o que você é. Hoje, mais do que nunca, eu sei. Sei que também é pretensão demais achar que sei tudo quando se trata de outro ser humano, quando ainda nem sei tudo sobre mim. Mas você é assim? Eu não posso amar alguém assim! (...) Ah, um dia pareceu ser o fim do mundo, hoje ainda dói um pouquinho, só que tive que aprender que não podemos mudar ninguém, só amar. Só? Só. Quando parei pra entender isso foi quando o tempo do oito e oitenta passou, o temporal também e eu fiz o que a sensatez me permitiu, passei a observar as coisas boas que você tem, as características que pareciam tão minha e que, na verdade, eram tão suas: Dificuldade de dizer o que sente, melancolia, foco nos objetivos, vontade de aprender, persistência, bochechas rosadas e riso no meio da fala envergonhada, sua desorganização em casa e sua organização no trabalho, seu prazer pela solidão, o jeito rápido que você anda, sua cara de bravo, quando olho a maneira como você lida com sua própria família e por isso sei que nunca vou tentar como você tentou (duas vezes). Você é a eterna cicatriz da minha vida.

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