segunda-feira, 16 de março de 2015

Sobre escrita e respeitar a si mesmo

Quando eu era criança chorava pra ser gente grande, amava rosa, barbie, princesas, coroa, ser o centro das atenções. Quando fui crescendo me deparei com algumas mudanças drásticas sem qualquer motivo aparente, e então, comecei esse blog como uma maneira de refúgio. Eu era tão nova e já percebia que era diferente das pessoas que me cercavam, não entendia, mas pensava que o mundo era bom demais e o problema fosse eu. É estranho quando você, por exemplo, amou a vida inteira rosa e depois começa a escutar de alguém que o rosa é pra menina e o azul pra menino e se irritar profundamente, que alguma coisa é extremamente perigosa e você só consegue pensar que é algo completamente normal, que você não passou maquiagem então o cara não vai te querer, ou então não ver qualquer problema em chegar na festa onde alguém está com a mesma roupa que a sua. Eu só tinha 11 anos... E também é justamente nessa fase aquela ideia extremamente doentia que todo pré-adolescente tem em ser aceito, então você se depara com o mundo te dizendo o certo a fazer e por mais que você tente muito, o tempo todo se depara com a insuficiência, e o estar longe do verdadeiro padrão. Nessa época eu dei uma verdadeira enlouquecida e, sem qualquer exagero, pensei que aos 15 anos seria o meu game over. Demorei pra enxergar muita coisa, demorei inclusive pra crescer e me respeitar, não gostaria nunca de voltar atrás. Depois de um tempo esse blog acabou sendo o meu baú de recordações, queria deixar nele coisas que um dia leria com outros olhos e, de fato, aconteceu. É estranho perceber como a escrita pode simplesmente nos mostrar quem éramos em tal época e não somos mais. Nem sequer consigo lembrar com exatidão, mas eu só sei que eu nunca poderia agradecer alguém mais do que a escrita. Ao mesmo tempo sinto que existe tanto da antiga Larissa em mim, só que agora tendo auto conhecimento, é sei lá... Complicado falar de mim hoje em dia, acabei criando uma barreira ridícula pra sentimentos só pelo conforto de não me sentir patética. No meio do caminho acabei perdendo muita coisa com isso, inclusive deixei de criar vínculos porque odeio colocar ponto final em tudo... Mas, afinal, se até a escrita tem ponto final, quem sou eu pra falar que na minha vida não pode ter? Tô aprendendo viver e, acima de tudo, entender essa montanha russa que, às vezes, nos deixa completamente malucos.

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