Conexão.

Cada dia me sinto mais conectada com aquilo que sinto e penso, os últimos dois anos me esmurrou para que eu conseguisse me engrandecer, pra que meu repertório se ampliasse. Hoje não tenho a sensação de antes: que poderia cair a qualquer momento. Hoje é diferente, não sinto que vou cair, mas sinto que preciso fazer um esforço enorme pra conseguir me afirmar naquilo que sinto e sou pra não me colocar no lugar em que os outros querem que eu esteja.

Silêncio

 É muito difícil olhar pra trás e observar que o silêncio foi um dos maiores impérios de suas perdas, seja de pessoas ou situações. O silêncio me engoliu, eu não podia ser humana. Não podia ser vulnerável. E afinal de contas, por quê? Às vezes olho pra minha história e dói, antes não doía tanto porque gostava de humanizar os outros e me colocar no lugar de super heroína, mas o limite chegou me levando a recorrer a fala e escuta interna. Hoje meu dia foi maravilhoso, cheguei em casa e chorei. Chorei porque me senti bem em um grupo de pessoas e passei anos da minha vida me sentindo amplamente desconfortável em todos os lugares que estava, fazem apenas quatro anos que isso mudou, mas ainda é difícil falar, ser afetuosa, amar e ser amada, se priorizar e ter um bom relacionamento e acolhimento referente a eu mesma. Tem dias que da vontade de se desligar, apagar toda minha história e começar da estaca zero porque tenho a impressão de que essas marcas jamais poderão ser ressignificadas, portanto, olhar pra si mesmo é um trabalho imensamente árduo e difícil mas eu juro que estou tentando com todo amor que consigo. Não é um caminho linear, mas é um caminho.

Um post só pra lembrar que estou em uma pandemia global a seis meses

Ninguém sai ileso de ninguém.

Fugir

Às vezes em terapia, ou em casa mesmo, paro pra pensar qual foi o motivo pra que eu me negligenciasse da forma como me negligenciei durante anos. Pra isso precisamos vasculhar histórias, olhar passado, entender sentimentos ignorados e posso dizer que sou mais fiel aos meus ensinamentos sociais do que poderia imaginar. Acho que se trata de um coração que sente, precisa viver e ser livre, mas que se paralisa com as inúmeras vezes que pensou que o não era a única resposta, que se assustou com a forma não normativa que sentia e se expressava e precisou se omitir pra se proteger. Eu passei anos precisando me afugentar e fugir, pra tentar me tornar a pessoa que eu queria, mas... não tem como. Fugir não faz a gente resolver nada. Posso dizer que amo diversas partes minhas e que gosto bem mais de quem sou hoje do que antes, mas eu ainda tenho TANTO medo de tudo, a única diferença é que hoje não consigo mais ser invisível (e nem quero) mas tem dias que me vejo repetindo os mesmos erros porque existir, colocar o máximo de você nas coisas exige algo tão profundo e uma energia tão vital que me preocupo se terá retorno. Eu só preciso entender que sempre tem, mas o retorno está em mim e não no outro. Não existe nada mais libertador do que ser fiel ao que se sente.

Maria Laura.

Você ama Bruno e Marrone, Jão, Marília Mendonça e se você reparar bem toda música que falam de amores profundos e sofridos. Porque você é assim. Às vezes te acho a pessoa mais foda-se do mundo, como se nada importasse ou te abalasse de fato, outras vezes te vi chorando um balde inteiro de água e emagrecendo cinco quilos em uma semana. É tudo muito oito ou oitenta, igual aquela vez ao dizer não entender como eu conseguia comprar um litro de suco de laranja e fazer durar uma semana, já que você tomava ele inteiro de uma vez. Você é um dos seres mais maleáveis que conheço, mais aberta ao erro, a respeitar os passos certos e errados dos outros também. "Ninguém sabe até onde o outro aguenta, ou que ele passa. Só ele." Acho que é isso que fez com que eu gostasse tanto de você desde a primeira vez que conversamos. Saiba que te acho muito corajosa e que amo sua capacidade de viver de peito aberto. Você é autêntica, única e extremamente leal ao que sente, isso é muito lindo e ainda tenho grandes coisas pra aprender com você nesse sentido. Mas obrigada, por tudo, até aqui. Sua amizade é muito importante pra mim, amo nossa parceria, você é uma das pessoas nas quais eu me sinto mais confortável na vida, tudo é muito simples e sem receios, e isso é tão raro. Sua existência na minha trajetória é privilégio!

Parte do que parte fica.

M.

Eu lembro a primeira vez que a gente conversou, a primeira coisa que você me disse era que amava Bruno e Marrone. Lembro também do dia em que você me fez chorar explicando o porque de ser difícil falar do que dói estando sã e como pareceu corajoso o dia em que me perguntou despretensiosamente "tudo bem?" e eu respondi sem receios "não". Acho que sempre encontrei em você um brecha, mesmo quando a gente não se tratava como família igual agora. E é porque você tem um coração tão imensamente extraordinário que seria estranho demais ter receio de dizer "não, não tá tudo bem". M, eu só posso te desejar as coisas mais maravilhosas dessa vida, infinitas realizações e sentimentos bons e até mesmo os ruins pra te fazer crescer cada vez mais e ter ainda tantas histórias pra contar. Tu é um labirinto bem bonito, onde não encontrar a saída proporciona inúmeras respostas. Te amo! ❤

Fim. Game over. Ouça o meu lamento.

Sempre odiei finais. Lembro que quando era criança e alguém brincava comigo com alguma brincadeira nova logo já dizia: amanhã vamos brincar novamente disso também, né? Era de lei. Parecia que as coisas não podiam não acontecer novamente senão eu ia me doer inteira.

Eu fiquei muito tempo dentro de uma bolha emocional onde me defendia de tudo porque sou sensível demais e racional demais ao mesmo tempo. E isso... isso simplesmente não me faz sentido. Mas é assim.

Parece que foi ontem que eu te conheci, você estava ao lado de uma caixa de som dos sindicatos. Tudo aconteceu depressa, até minhas negações internas, minha desconstrução rumo a me permitir viver e sentir.

Eu lembro do seu coração me pedindo calma dentro das minhas afobações. Os chás, violão, sopas, cochilo na rede e beijo na chuva. Lembro de abrir meu coração em sentir medo de ficar, de me entregar e da irracionalidade. O meu problema diário é que eu quero demais te esquecer, mas eu não quero. Eu tenho medo de não lembrar, eu tenho medo de um dia eu olhar pra trás e não ver sentido em absolutamente tudo isso que sinto hoje. Porque por um minuto eu pensei que você era o amor da minha vida, até eu perceber que amores da vida não existem e que amor não é suficiente pra quase nada.

Ana e Cecília - Dói sem tanto